CASA DO POVO DE ABRUNHEIRA ESTÁ A DESENVOLVER MÉTODO NEUROSENSORIAL INOVADOR
A Casa do Povo de Abrunheira possui um espaço
neurosensorial interactivo que alia realidade convencional a realidade virtual.
Um espaço polisensorial que permite expor pessoas com diferentes graus de
demência a diversos estímulos, de forma inovadora, prazerosa e com resultados
verdadeiramente impressionantes. Destaque para a Sala Panorâmica,
recentemente inaugurada, onde familiares e clientes podem usufrir de uma
ambiência relaxante e uma vista deslumbrante enquanto confraternizam com os
seus familiares. Mas este mesmo espaço tem uma função maior e vital para o
tratamento e acompanhamento futuro da demência. Capaz de oferecer estímulos naturais
apenas pela paisagem única que oferece uma panóplia infindável de estímulos,
que passam como exemplo, pelo desafio de identificação dos monumentos de que
ali se avista, com o castelo altaneiro de Montemor-o-velho em destaque,
passando pelos barcos que pacientemente sulcam as águas do atlântico na
Figueira da Foz, podendo os clientes ser desafiados a identificar elementos da
paisagem em constante mutação ou elementos mais estáticos e que lhes trazem à
memoria momentos de agora ou de outrora com as diferentes árvores de fruto,
sendo desafiados a identificá-las, relaciona-las como as épocas de apanha, ou
das diferentes épocas de cultivo com os arrozais a denunciarem a sua estação
pela cor que emprestam aos campos. Agricultura, mar, rio, aromas, enfim, um
infindável quadro vivo de estímulos à disposição do cliente e da equipa
multidisciplinar que avalia, regista e monitoriza reacções. No seu interior,
para além de um restaurante envolto em arte neurosensorial que remete para
diferentes contextos, os clientes são de forma natural, submetidos a uma
inovadora estratégia terapêutica sugerida pela exposição a luz intermitente e
sons pulsantes, sintonizados numa frequência específica e que segundo estudos
que se encontram em desenvolvimento, se acredita que possam reverter alguns dos
principais sinais do Alzheimer no cérebro.
Esta pode ser uma solução económica e simples de
tratar esta forma tão comum de demência. Em teste está a manipulação da
actividade do cérebro através da luz, uma vez que também o cérebro se rege pelo
mesmo principio gerando ondas cerebrais quando grandes grupos de neurónios
oscilam entre si. Os testes têm demonstrado, que se sintonizar a luz para piscar 40 vezes por segundo na
frequência de 40 hertz, o cérebro procura sintonizar-se exatamente na mesma
frequência. Mais interessante ainda, é que essas mesmas ondas tornam-se mais
ativas quando a pessoa presta mais atenção ou tenta procurar memórias de forma
a tentar compreender o que se passa à sua volta. O que torna este facto
interessante é que precisamente nos pacientes
com doença de Alzheimer, estas ondas podem ser “bloqueadas” e ter um papel
fundamental na patologia. Ora, esta estimulação intermitente desencadeia uma
enorme resposta nas células do sistema imunológico do cérebro que limpa os restos
cerebrais e os resíduos tóxicos, podendo esta luz vir a restaurar as suas
habilidades. Mas como este estímulo pela luz só acontece na zona do cérebro que
processa informações leves, tenta-se agora penetrar mais fundo no cérebro,
adicionando este som na frequência rigorosa de 40 hertz, apenas alto o
suficiente para que os humanos consigam ouvi-lo.
Pelas
evidências já alcançadas, acredita-se poder melhorar o desempenho numa série de tarefas cognitivas, até porque os
cientistas afirmam que os cérebros com Alzheimer têm neurónios irregulares, muitas vezes
hiperativos e ao fornecermos esta batida constante e regular, a luz e o som repetidos podem funcionar como
uma espécie de metrónomo para a atividade cerebral.
A Casa do Povo de Abrunheira possui estes
espaços Neurosensoriais dotados desta gama de estímulos cujos benefícios estão
a ser registados e permanente monitorizados deixando até ao momento excelentes
indicadores da sua eficácia, embora ainda em fase de avaliação e
experimentação. Note-se que a descoberta de novos mecanismos para eliminar resíduos e
sincronizar a atividade cerebral, seria um enorme passo para o desenvolvimento
de tratamentos para todos os tipos de distúrbios neurológicos.